sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O que há além do ar

Não, não há luzes, nem trevas. Não há perdão, nem rancor. Só há olhos, e lágrimas, e um pouco de infelicidade, que agora faz parte do ser.

Apoiar onde? Não há parede, não há cadeira, não há você. Só há frio, e solidão, e um coração partido, que agora não se importa mais com a vida.

O que é mesmo viver?

terça-feira, 31 de julho de 2012

Poesias e o mundo


Ao desenterrar a tristeza, a poesia se liberta.
Serei eu uma eterna poetiza?
Esse mundo caduco cheio de rimas ricas
Esse mundo perverso feito por simetria perfeita
Onde as crianças passam fome e veem os pais morrendo por nada
Onde mulheres são punidas por desejar algo melhor.

Os heróis foram esquecidos, ainda existem
A hipocrisia de que vivemos em um mundo mais civilizado reina
Pessoas ferozes dão os pobres para os cachorros brincarem
Pessoas vis fazem dos cobres o tesouro dos infernos
As palavras soam como areia
Elas sujam, incomodam e irritam os olhos de quem é atingido.

A chuva poderia apenas lavar almas
Mas ela também devasta, ela desabriga, ela é cega e furiosa
As casas voam como se tivessem asas
Ou elas se afundam e parecem levar os sonhos junto
A tristeza, o poema, a catástrofe e o mundo
Não há mais a flor que impede o canhão.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Momento sozinha


Em plena escuridão, qualquer luz que me venha eu chamo de Deus
Em um silêncio fúnebre, canto e oro e choro
Não me julgueis, pois não tenho vida exposta, não tenho vida para amar
Só tenho um chão para deitar, ao som da minha própria voz em um canto gregoriano

Tento achar as palavras que caberia para o momento
Mas esqueci o dicionário em casa, esqueci da minha casa
Meu escuro canto, vou me levantando
O escuro é triste, é quando escuto meu interior e nada mais

Meu pobre coração já não expele frases, mas vomita palavras soltas
Tem alguém aí? Me escutando? Tem algum Deus? Alguma luz?
Em plena escuridão, convivendo com minha própria voz
Só me resta chamar de vida todo o egocentrismo que sobrou por aqui

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Perda de um eu

Será que me perdi e eu apenas não mais sou? As frases soltas já não fazem mais sentido. Mesmo assim as escrevo.
Mais que perder a ideologia, mais que perder o sonho. Eu me perdi no meu próprio tempo-espaço. E, então, me achei sem acréscimos, sem solução.
Minha cronologia é cíclica. Manuseio o que há perto de mim. Mas vou mais longe, não porque amo, mas porque eu quero e minha essência é egoísta.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O piano branco

Quando eu estava entre as nuvens, mal pude notar, há mais que nós no mundo, aqueles sobreviveram. E quando caí sozinha por Terra, sonhei com você outra vez. Eu tocava o mesmo piano branco que costumava ser nosso símbolo. Mas que piano envelhecido, nem parecia o meu. Era sujo, fedido, remendado. Ele era o meu coração.