quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Vida

A vida inteira deparada em um cinzeiro
Tão derradeira...
O conto que lia não fazia mais sentido
A fumaça corroía sua mente cheia de conflito

Achava todas as rimas bregas e sonsas
Quanta bobagem!
A cereja permanecia na mesa
Junto à pena, à tinta e a sua tristeza

O som era like a Rolling Stone
Outra música...
O cigarro não apagava, era devagar
Assim como sua morte: lenta e silenciosa...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Sonho de Sete Faces

Sonhei. Ontem. Em uma noite fria. Estranhamente calma – moro próxima a um ponto de ônibus em uma avenida movimentada, na maior cidade do país. A janela estava aberta. Havia um vai e volta de vento, aqueles sopros que parecem cochichos. Às vezes tinham clarões, não sei se eram raios ou faróis. Apenas sei que sonhei. Foi apenas um sonho, mas com sete faces.
Eu era um anjo torto que dava ordens a um poeta ao nascer, “vá ser um gauche na vida!”, dizia ao pé da orelha esquerda. Eu vivia nas sombras, junto a outros anjos que estavam na mesma situação. Um nome me vinha à cabeça: Carlos.
De repente me vi em um lugar comum. Um lugar onde a vida alheia interessa. Onde as casas espiam. Onde os desejos se espalham impedindo que a cor do céu volte a ser azul. Eram os homens correndo atrás das mulheres. Desejos, desejos, desejos. E o azul a cada segundo mais distante do céu.
Eis que passa o bonde. Todos olhando para baixo. Todos identificando apenas pernas. E quantas pernas. Eram albinas, negras, mulatas, bronzeadas, amarelas. Tantos tipos de pernas em tão pouco espaço. Um bonde quase como um metrô em horário de pico na estação Paraíso, quase uma Sé. Meu coração ficava atrelado: quantas pernas, pra que tanta gente assim? Meus olhos, apenas cumpriam a missão deles: observavam, viam, admiravam.
Havia um homem que chamou minha atenção. Era um homem de bigode. Tentei decifrá-lo. Tentei descobrir o que havia por trás do bigode, o que escondia. Queria perguntar  por que não ria, o motivo da seriedade. Homem simples e forte. Quem eram seus amigos? Tinha amigos? Eram os poucos, tão raros. Era isso que trazia atrás desses óculos e bigode.
Em um momento de pânico e perdição, não sabia pra onde fugir. Comecei a me desesperar e a orar. Deus tinha me abandonado em uma cruz, e eu não era o Filho que esperavam, e Ele bem que sabia. Clamei forte a frase “Meu Deus, por que me abandonaste?”. Estava perdida, fraca e sem Deus.
Conseguinte, tentei achar uma solução. Com alguma rima de cartão. Invocando o mundo. Chamando-me de Raimundo. Não passava de rima. Solução que não vinha. Solução? Era tão vasto mundo. Mas menos que o coração.
Depois de passar por tantos extremos, chegou a hora de olhar para a noite, para a lua. O brilho, a intensa cor lunar propunha aquele conhaque. Era a fria, calada noite. Assim, o conhaque acalma o coração. Assim, abre o coração. E tudo acaba em comoção dos infernos, já estou comovida como o diabo. Era a lua, era o conhaque.
Mas isso... Isso eu não deveria nem ter te contado.


(Entrando na poesia de Carlos Drummond de Andrade - "Poema de Sete Faces")

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meu Interior


Em uma aula foi determinado pelo professor que nós, alunos, faríamos - individualmente - um texto com o tema: viagem ao centro de si mesmo. Indaguei logo: qual seria meu centro, meu interior? E é exatamente assim:
“Achar o centro do meu interior e expô-lo seria um pouco doloroso para mim. Por isso, descreverei com muita atenção. O meu estômago é um pouco rebelde. Desde meus três anos de idade, judio dele enchendo-o de café, coca-cola e bolacha com maionese. Uma azia ou outra me faz lembrar que ele é o centro do meu interior e que merece uma prioridade.
Nas primeiras viagens que tive de Guaíra-SP para Cristalina-GO, meu estômago revoltou-se. Mas foi se acostumando com os 510 km de estrada (principalmente quando a Caravan de 1994 foi trocada pelo Vectra de 2002).
Hoje na capital paulista, ele sofre mais que nunca. Café em excesso, miojo, chocolate, cachorro-quente, misto-quente, cappuccino, bomba energética, coca-cola, salgados, entre outros itens diários – ou no mínimo semanais. O centro do meu interior, portanto, está extremamente afetado”.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Retrato na cômoda do Planalto

Com uma voz plácida e meiga, a mulher sussurra. A mulher com as doces palavras de sono. A noite fica mais bela, mais calma. Só pela voz da mulher. Mesmo com as gambiarras e as traições feitas por ternos de confiança, a mulher traz no sorriso o calmante da sociedade. O que mais esperava é dito pela mulher de voz suave: boa noite. É o que mostra o retrato. A bomba cômoda nas mãos da mulher.

sábado, 28 de maio de 2011

É assim que as coisas são

Até onde você pode ir?
E quem vai te impedir?
Meu amigo, ninguém vai te ajudar
Ninguém é seu amigo
Porque ninguém quer
Porque é assim que as coisas são

E você vai aceitar o que vier?
Não vai além do permitido?
Meu caro, ninguém vai te ajudar
Então não espere o conselho
Pare de seguir seu signo
Pare de me escutar: é assim que as coisas são

Os passos se entrelaçam, mas quer outra dose?
Acha que consegue chegar em casa assim?
Senhor estranho, ninguém vai te ajudar
As palavras bêbadas ainda não fazem sentido
O mundo não está pronto pra você
Mesmo assim, você vem... É assim que as coisas são:
Confusas e aleatórias

segunda-feira, 14 de março de 2011

Instante

(ao Diego Pontes)

Não quero mais que viver, meu amigo
Quero um teatro real e nenhuma plateia
Quero um barco sem mar
Quero mais que o possível vai realizar

Estou a caminho da sanidade, meu jovem
Direi adeus às minhas contradições
Vou correr a encontro do que é certo
E o certo nem sempre anda com o justo

Estou ouvindo aquela música, meu caro
Aquela que por dias sumiu do mundo
Que renasceu no secar de lágrimas
Essa música é a canção dos anjos... arcanjos da vida.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Hoje

Hoje as palavras estão amargas
As lágrimas, salgadas
O rosto está úmido
E a caneta, trêmula



Palavras são facões, são armas
Estou na cadeira elétrica hoje
Acusações e explicações são apenas palavras
E me deixaram entre a vida e a morte



Como pode um coração partido há tanto
Ainda ter sangue?
Como pode não perceber ainda
Que fracassar faz parte?



Fiz uma canção hoje
Ela tem notas de LÁstima
O tempo é perdido
A letra é como rosa e espinho



Hoje não amanheci
Hoje não sorri
Hoje não sobrevivi
Pelas palavras que não sou.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O protesto mais burro

No último dia 03 de outubro, as eleições correram à solta. Brasileiros enchendo o estômago de pizza (ou não) para decidir os futuros pizzaiolos para o País. Paulistas - considerados pessoas de bom gosto e com censo apetitozinho por muitos - resolvem fazer um voto de protesto.

Seria uma reprodução dos protestos que elegeram a pizza de ricota de bufala ou de mamão argentino? Ou seria outra tentativa como as eleições que deram poder à Rúcula e Codorna? Qualquer resposta é deprimente.
A Pizza de Titica, ou mais conhecido ultimamente como o voto
de protesto paulista, foi eleito com mais de 1,35 milhão de votos!
Quanta gente revoltada, não!?
O problema não é protestar. O problema é o tipo de protesto.
Eleger Titica - como foram eleitos Rucula, Codorna, Frango Agridoce,
entre outros - só piora a situação alimentar brasileira. Sim, o Pizzaiolo mentiu: há como piorar!
Com a aprovação popular da pizza de Titica para King of Master Blaster Pizzas 2010, Titica carrega alguns coleguinhas da coligação pizzaiola (o partido dele é o PR - Pizzas Rurais) para compartilhar a promoção das terças com 4 sabores e refrigerante R$ 19.90. Ela acompanha TRÊS ótimos sabores.
Quem é que não se lembra do ilustre sabor Prostata Bovina (PC do Boi)? Ahhh sim! O sabor que foi afastado da Domino´s Pizza por participar de atividade alimenticia usando o nome da instituição. Negou várias acusações de ele ter "bisbilhotado" a pizza alheia. Inclui-se: pizza do STF (só te fodo), filhote de Lula e atualmente polvo (vida amorosa da candidata a master pizza brasil).
Mas não foi só ele no trenzinho da brincadeira. Ornitorrinco com Limão (PRB - pizzas raras da birbania) e Siri da Malasia (PT - Pizzas dos Trabalhadores) também poderão brincar com o poder.Pena que Suino Albino (PT) não vai junto, né!? Iria ser uma rodinha de pizzas bem construída.
Por isso, aqui vai um apelo: SE FOR PRA PROTESTAR, PROTESTE DIREITO! Pesquise, procure saber se não está caindo em uma cilada. Esse protesto paulista caiu como uma luva para muita gente que não merece. Foi o protesto mais burro que os paulistas poderiam ter feito. Eu, como oriunda do estado em que Titica foi eleita King of Master Blaster Pizzas 2010, fico plenamente envergonhada. Um protesto que não valia a pena, um golpe disfarçado, uma verdadeira tacada da pizza brasileira.

(Escrito por MARCIO FREITAS brincando com o post de Letícia Matsuura)